João Moniz, artista açoriano em busca do sucesso

 


“Apesar de estar numa das “nove pedras no meio do mar” tenho ganho alguns prémios 
e distinções... Desde 2018 que me dedico a sério à criação de temas originais e tenho sido premiado por isso... Em 2019 ganhei o Concurso Nacional “One Step 4 Music Fest”

É natural de Ponta Garça, ilha de São Miguel e desde muito cedo, com apenas seis anos de idade, se interessou pela música. 
Lançou recentemente um tema denominado “Saudade”, que pode ser visto no YouTube, dedicado a todos aqueles que por uma razão ou outra tiveram de deixar os Açores.
Fez parte de vários projetos de “covers”, apesar de ter começado a compor em 2011 com 17 anos. Percorreu vários palcos dos Açores, e não só, desde bares a festivais.
As suas canções e interpretações são inspiradas na experiência insular de viver numa de “nove pedras” no meio do Atlântico Norte.
Esteve para participar no International Portuguese Music Awards, na edição de 2020, concorrendo na categoria de “Novos Talentos”, mas a pandemia do Covid-19 impediu tal desejo deste artista açoriano da ilha de S. Miguel.

 

Portuguese Times - Como e quando se envolveu no mundo da música?
João Moniz - “Desde muito cedo, aliás tenho uma foto com uma guitarra de brincar tinha eu 3 anos de idade. Anos depois os meus pais inscreveram na Academia Musical de Vila Franca do Campo nas aulas de guitarra clássica. Mais tarde ingressei no Conservatório de Ponta Delgada também em guitarra clássica. Fiz parte de vários grupos de cantares, tive projectos de vários estilos musicais e agora vivo da música”.

PT - Como nasce este tema Saudade?
JM - "Este tema é uma espécie de homenagem a todos aqueles que pelas mais diversas razões tiveram de abandonar a sua ilha, a sua terra, em busca de outras oportunidades e de uma vida melhor. A ideia inicial do tema está relacionada a um momento familiar muito próximo quando o meu irmão foi trabalhar para a Dinamarca. Todos os dias ele ligava sempre com o mesmo tema de conversa: as saudades das mais diversas coisas, todas relacionadas com os Açores”.

PT - Fale-me do seu percurso e quais as etapas mais marcantes...
JM - "Apesar de estar numa das “nove pedras no meio do mar” tenho ganho alguns prémios e distinções. Desde 2018 que me dedico a sério à criação de temas originais e tenho sido premiado por isso. Em 2019 ganhei o Concurso Nacional “One Step 4 Music Fest” cuja final decorreu em Lisboa, este prémio permitiu-me atuar no Meo Sudoeste, um dos maiores festivais de Portugal. Em 2020, e apesar de ser um ano complicado para quem vive da cultura, fui um dos 10 finalistas do concurso internacional “Musicando Carvalho Calero”. Também fui um dos dois nomeados para a categoria NEW TALENT dos International Portuguese Music Awards, mas devido à pandemia esta categoria foi cancelada pela organização. E em Novembro ganhei os prémios  de “Melhor Projecto” e “Melhor Original” do concurso nacional “Angra Sound Bay”. Contudo guardo como momentos mais marcantes subir ao palco do Meo Sudoeste, ter apresentado o meu EP Saudade no Teatro Micaelense este ano e claro a criação do EP Saudade”.

PT - Quais as suas referências e influências musicais?
JM - "Ouço de tudo um pouco apesar de adorar rock, metal e grunge, o que não se nota no EP Saudade. Identifico musicalmente com alguns artistas portugueses: António Zambujo, Tiago Bettencourt, Zeca Medeiros, Luís Alberto Bettencourt, entre outros. Já a nível internacional sinto que o EP Saudade foi influenciado pelo trabalho do Eddie Vedder, de quem sou fã há muitos anos”.

PT - Ao compor um tema, o que vem primeiro à mente, o poema ou a música?
JM - "Esta é uma pergunta que não tem uma resposta certa ou errada. Depende do momento, tenho canções que primeiro foi o poema, como tenho canções que primeiro foi a melodia, no meu caso penso que não há uma regra”.

PT - Como tem sido a reação do público a este video Saudade?
JM - "Está a ser muito bem aceite, não estava a contar com tanto apoio por parte das pessoas. Tivemos muito pouco tempo para o filmar e colocar cá fora porque foi uma “exigência” do Meo Sudoeste ter um videoclipe mal venci o concurso. O nosso principal objetivo foi representar a essência de qualquer uma das nossas 9 Ilhas e penso que conseguimos fazer isso sem dar a entender que este video foi gravado numa única ilha”.

PT - Como tem esta pandemia afetado o seu dia a dia e a carreira?
JM - “É um ano onde o que mais se ouviu foi a palavra “cancelado”. Penso que posso falar por todos ao dizer que está a ser um ano de sobrevivência, não só para os músicos como para os técnicos, promotores, casas de espetáculo, organizações de eventos, etc. Fomos os primeiros a fechar as portas. Por enquanto tanto eu como muitos vamos continuar a tentar trabalhar nesta área, mas há muitos que já tiveram de procurar outras soluções para garantirem a sua subsistência”.

PT - Os Açores são um espaço à medida das suas ambições?
JM - "Não penso muito nisso e também não tenho intenções de partir para outro lugar. Claro que cá há poucas oportunidades em comparação com o território continental ou outros países, mas a internet veio ajudar como meio de difusão do nosso trabalho. Além do mais estou no paraíso, no meio do Oceano Atlântico, a um voo de distância, quer do continente americano quer do continente europeu”.

PT - Nos espetáculos, atua com banda de apoio?
JM - "Depende do espetáculo, mas sim tenho uma banda de apoio que me acompanha desde 2018, os “The Daydreamers” : João Bolarinho, João Godinho e Miguel Ponte. A canção “Coração Insular”, a quem dedico a todos os emigrantes, contou com a participação deles. Outra coisa negativa da pandemia é não podermos ensaiar como dantes nem ter tido a oportunidade de subir ao palco juntos este ano”.

PT - Se surgir uma oportunidade para atuar na diáspora açoriana dos EUA e Canadá terá essa disponibilidade?
JM - "Claro que sim, aliás a minha estreia em solo americano seria na gala dos IPMA a 25 de Abril deste ano onde teria de atuar ao vivo para que o júri decidisse o Novo Talento 2020 dos IPMA’s. Estou sempre aberto a convites e a novas experiências”.

PT - O futuro e expetativas?

JM - "O meu principal objetivo é levar a minha música ao maior número de pessoas possíveis e vou continuar a trabalhar para isso. Como digo numa das minhas canções: “Basta sonhar e fazer acontecer”.

 

• Entrevista: Francisco Resendes