As celebrações de portugalidade nos EUA

 


As celebrações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades começam já este fim de semana em New Bedford (Campo do Senhor da Pedra), com um programa cuidadosamente preparado pela comissão organizadora e que promete atrair muita gente ao recinto, destacando-se o festival folclórico, exposição de artesanato e muita música para animar a malta, que é o que faz falta por estes dias. A cerimónia do hastear das bandeiras dos EUA e de Portugal acontece a 08 de junho, pelas 18h30 ali junto ao City Hall, como habitualmente.
Os conjuntos Edge, Capitalistas e Faith e ainda o artista Énio e os ranchos folclóricos Danças e Cantares do Clube Juventude Lusitana, Cumberland, RI, Sociedade Cultural Açoriana, de Fall River e Recordações de Portugal, de New Bedford, não esquecendo ainda um grupo de concertinas do norte de MA, são condimentos que prometem levar público ao recinto das festas.
No fim de semana seguinte teremos Fall River a celebrar com todo o entusiasmo e fulgor o Dia de Portugal, tendo por palco o parque das Portas da Cidade e aqui também com um programa que vai certamente atrair largas centenas de pessoas a este belo recinto, destacando-se a vertente artística, com grandes nomes da música portuguesa e local. As celebrações na cidade dos teares têm ganho outra dinâmica e vivacidade mercê de uma ativa comissão organizadora que tem esta apetência e capacidade de saber organizar grandes eventos apelativos e motivadores de atrair a nossa gente. Mas não é apenas a vertente artística e de arraial. Realizam-se torneios de golfe, provas de gastronomia e de vinhos portugueses, atrativos para crianças, sorteios, e naturalmente a cerimónia do hastear das bandeiras. Já que falamos em programa artístico, a comissão este ano apostou em nomes como: Santamaria (um regresso), Ana Malhoa, Rodrigo Leal, Myrica Faya, Gertrudes Labaça, Marc Dennis, Banda Faith, Arlindo Andrade, José Nazário e o super popular Jorge Ferreira. Estão lançados os dados para outra edição de grande sucesso.
A cidade de Taunton apresenta também um programa de celebrações do Dia de Portugal, destacando-se a cerimónia do hastear das bandeiras no City Hall, no dia 10 de junho, e uma semana antes uma prova de gastronomia e vinhos portugueses e outras atividades, tudo coordenado por uma ativa e dinâmica comissão organizadora (consultar notícia na edição regular).
No mesmo fim de semana temos as celebrações do estado de Rhode Island, que têm por palco o centro da cidade de Providence, onde se desenrolam a maioria das atividades: parada, arraiais, gastronomia, etc. e também com um programa artístico que contribui para o sucesso: Starlight, Joey Medeiros, Banda Inc. e Giuliana Amaral, Capitalistas, Manic Boys & Girls Club e Luizinho.
Mas estas celebrações de dimensão estadual em Rhode Island (contrariamente ao que acontece por exemplo em MA em que temos, pelo menos, três localidades de celebrações) não se cingem apenas a música e arraial. Com uma ativa, dinâmica e rejuvenescida comissão organizadora, estas celebrações constituem as de maior abrangência e grandeza, uma vez que comportam um programa que inclui diversas atividades ao longo de praticamente seis meses, começando com prova gastronómica e de vinhos portugueses e torneio de tiro aos pratos, que já se realizaram, pela inauguração de um monumento erigido em memória dos veteranos luso-americanos falecidos em diversas guerras dos EUA, evento realizado no passado dia 19 de maio, temos a habitual receção na Assembleia Legislativa Estadual de RI, a parada, com o importante e imprescindível apoio do associativismo local e de outros sinais vivos da nossa identidade cultural (como filarmónicas e ranchos folclóricos) e arraiais em dois dias festivos (10 e 11 de junho), com muita música e a nossa rica gastronomia. Outros eventos inseridos nestas celebrações estão previstos para mais tarde, como por exemplo a prova de atletismo em Bristol.
Boston, após alguns anos de ausência devido à pandemia, vai novamente celebrar Portugal através do Boston Portuguese Festival. Será no domingo, 18 de junho, entre o meio-dia e as 20h00,  mesmo ali no coração da capital de Massachusetts: na renovada City Hall Plaza, excelente local para uma maior visibilidade dos nossos costumes e tradições, tal como aconteceu em 2018, com um programa que atraiu numeroso público vindo de diversas localidades do estado e até mesmo de outros estados vizinhos. Atrativos como barracas de comidas e outras iguarias, bem como populares artistas da região, nomeadamente Jorge Ferreira e Eratoxica e ainda o Duo Senza, de Portugal e o duo Tiago e Carlos, vindo da ilha Graciosa prometem levar muito público a este excelente local. De referir que o Boston Portuguese Festival tem o forte apoio do tecido empresarial luso-americano e não só.
O Dia de Portugal é efetivamente a celebração da nossa cultura, língua e identidade e tudo isto de forma orgulhosa e patriótica num país que nos acolheu de braços abertos e com quem Portugal mantém profundas relações históricas de amizade e para as quais muito têm contribuído os portugueses aqui residentes ao longo de mais de duzentos anos, desde os primórdios da imigração lusa para este país. As comunidades portuguesas nos EUA têm sido não apenas um instrumento de reforço para essas relações entre os dois países como também de enriquecimento e valorização individual e coletiva onde residem.
Mas celebrar Portugal nos Estados Unidos é especial: a comunidade portuguesa e lusodescendente tem essa missão dupla de afirmação e identidade cultural com um pleno sentido de responsabilidade a fazer história, preservando as suas raízes e ao mesmo tempo integrando-se numa outra cultura, de tal forma que tem dado um largo contributo para o crescimento e desenvolvimento dos EUA, como parte integrante do seu tecido económico, social e cultural. Há muitos exemplos de individualidades e coletividades que têm merecido o reconhecimento público por parte das mais altas entidades deste país, precisamente pela forma como cultivamos e incutimos nos nossos filhos e netos os mais sublimes valores e virtudes que nos elevam a uma dimensão humana de realce e isso é gratificante e enche-nos de orgulho.
É neste contexto multicultural dos EUA que deve­mos celebrar as nossas raízes, mostrar quem somos e o que queremos. Portugal há muito deixou de ser aquele espaço rectangular e dois arquipélagos no Atlântico. Hoje o Portugal moderno ganha outra dinâ­mica e dimensão com as suas comunidades da diás­pora, com a riqueza dessas vivências e experiências com outras culturas e que se têm destacado nas mais diversas áreas: da inovação, do ensino, da ciência, da arte, do desporto, etc... com o testemunho de vários exemplos.
Uma das mais úteis ferramentas para o desenvolvi­mento de Portugal é sem dúvida a língua, hoje considerada uma das quatro línguas europeias de expressão mundial e a quinta língua da internet. Efetivamente, segundo dados estatísticos do Instituto Camões, existem atualmente cerca de 260 milhões de falantes prevendo-se que em 2050 cerca de 350 milhões de pessoas deverão usar o português como idioma materno prevendo-se até que o português venha a ser a terceira língua europeia mais falada no mundo, depois do inglês e do espanhol.
Aqui nos EUA, e já que estamos com a “mão na massa”, muito têm contribuído para a expansão da lín­gua o papel dinamizador e ativo de diversas orga­nizações lusas que são berço para o ensino de Portu­guês a nível básico e elementar e ainda muitos outros agentes noutros níveis de ensino: secundário e uni­versitário. Neste campo temos assistido nos últimos tempos a uma série de vitórias. Neste aspeto (e por que não afirmá-lo) Portuguese Times tem dado o seu contributo. 
Há também por outro lado uma maior conscien­cialização da importância de se falar duas línguas e isso tem sido incutido nas gerações vindouras: para além de se falar a língua de Camões como herança cultural, que deve ser preservada e perpetuada, há a vantagem económica para um mercado de hoje cada vez mais exigente e globalizado e por conseguinte esse enriquecimento cultural é uma das melhores armas de defesa e de sucesso pessoal e coletivo.
Como nota final realce-se o trabalho importante na defesa e divulgação das nossas tradições e costumes por parte de algumas das nossas organizações: ao fazê-lo estão a contribuir de forma segura, eficaz e a investir decisivamente para a sobrevivência destes sinais da nossa presença aqui nos Estados Unidos. Desempenham ainda um papel fundamental para o reforço da nossa identidade cultural e da memória coletiva e que um dia mais tarde as gerações vindouras irão certamente reconhecer esse contributo e senti­rem-se orgulhosas das suas raízes.
Celebremos com este espírito de orgulho e dever de responsabilidade o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades.