Celebrações dos 50 anos do 25 de Abril em Rhode Island


 
Eram 23 de abril de 2024.
A hora de formatura era às 3:15 na rotunda da State House em Providence. 
O deslumbrante edifício, segundo no mundo, abria as portas às celebrações dos 50 anos do 25 de Abril.
Esta “tomada” da State House pelos portugueses data de 1941 quando Anthony S. Lamb Jr, democrata e Frank Maciel, republicano, foram eleitos para assembleia geral e ambos com laços muito próximos da igreja de São Francisco Xavier. 
Nestes 83 anos de política foram muitos os lusoeleitos e com fortes ligações à igreja de São Francisco Xavier e ao Philip Street Hall.

Os novos lusoeleitos e a abertura às celebrações dos 50 anos do 25 de Abril

Ao serem alertados para as celebrações, os lusoeleitos: o deputado Thomas E. Noret, “House Deputy Majority leader” e a senadora Jessica de La Cruz, “RI Senate Minority Leader”, de imediato iniciaram os contactos para a presença de entidades oficiais nas cerimónias levadas a efeito na Câmara dos Representantes, o “Speaker of the House” Joe Shekarchi  e no Senado o presidente Dominick Ruggerio. 
Completavam o grupo dos lusoeleitos, presentes nas cerimónias, os deputados Joseph Solomon e Susan Donovan, e ainda Robert Craven, presidente da Comissão Jurídica. 
Os lusoeleitos com assento no Senado e Câmara dos Representantes na State House em Providence levaram junto dos legisladores o significado dos 50 anos do 25 de Abril.
Dizia-nos Al Nunes, um dos pilares de sustento da presença da comunidade lusa: “Tenho quase a certeza que a State House em Rhode Island e o poderio dos lusoeleitos deverá ser único no mundo político a levar ao conhecimento dos legisladores como se conquistou a liberdade e a democracia em Portugal”.
Liberdade e democracia são as primeiras palavras que os jovens americanos aprendem na escola. Quando se houve dizer que um país Portugal, viveu sob medidas ditatoriais por 40 anos é uma surpresa. Porque os americanos não conhecem este mundo. Quando uma delegação entra na State House em Providence chefiada pelo cônsul de Portugal em Providence, Eduardo Ramos, e no uso da palavra resume o que foi o 25 de Abril, institucionalmente mostra-se o que foi a mudança do regime e abertura de um país ao povo. 
O cenário era histórico. State House em Providence, a segunda maravilha no mundo daquele tipo de construção com cúpula auto sustentada. A primeira é a Basilica de São Pedro no Vaticano em Roma.
E foi neste esplendor arquitetónico que foram enaltecidos os valores da revolução que restituiu a liberdade dando um exemplo de democracia ao mundo.
E orgulhosamente a bandeira portuguesa foi exposta no Senado de Rhode Island fazendo-nos recordar os tempos dos senadores William Castro, John Correia e Daniel da Ponte. E em que Portuguese Times recebia um diploma pela sua presença nas mais diversas cerimónias ali realizadas. Eram lusoeleitos nascidos em Portugal ou uma geração muito próxima com o nosso país, neste caso da região Açores.
Hoje no Senado temos a não menos ativa senadora Jessica deLa Cruz, lusoeleita, que é uma referência da presença portuguesa em Rhode Island. Oriunda de pais portugueses: pai do Pico, Açores e a mãe oriunda do Funchal, Madeira.
Jessica de la Cruz é “Minority Leader of the Rhode Island Senate”. Republicana, representa o Distrito 23 (Burrillville, Glocester, Smithfield). 
Por sua vez, Thomas E. Noret é “House Deputy Majority leader”. Representa o Distrito 25 (Coventry, West Warwick).
A tão badalada superfície física faz-nos lembrar o velho ditado: “os homens não se medem aos palmos, mas pela sua honestidade, ações e atividades profissionais. E no caso político pela sua aproximação ao grupo étnico e neste caso específico valorizar o 25 de Abril na conquista da Liberdade e da Democracia.
Em todo aquele aparato político, de realçar a intervenção do professor José Francisco Costa, que, vivendo o 25 de Abril pessoalmente deu uma imagem da revolução e conquista da Liberdade.
“Alguns anos antes de imigrar para os EUA fui chamado ao serviço militar como oficial de artilharia. Recordo estar de serviço durante a revolução enquanto que a minha encantadora namorada, agora esposa de um casamento de 48 anos, Lourdes, esperava por mim pacientemente no hospital onde trabalhava como enfermeira. Tal como muitos outros, naqueles tempos, éramos jovens, amedrontados. Cépticos no que viria a seguir. Foi-me comunicado por elementos do golpe militar para montar segurança a oficiais superiores e seus subordinados que não se renderam ao ultimato final da revolução: derrubar de longa data o sistema de ditadura fascista.
Rapidamente após o golpe de estado a população veio para a rua celebrar em pacífica parada. Agradeciam-nos a nós militares com comidas, chocolates, cigarros e mesmo vinho e enfeitaram as nossas armas com cravos vermelhos, o símbolo que perdurou do 25 de Abril.
É necessário dar a conhecer que a revolução marcou o fim da guerra colonial, abominável conflito armado cujo legalidade deixou cicatrizes até aos dias de hoje. No entanto houve muitos períodos de incerteza e testes se a pacífica Revolução dos Cravos continuava proveniente do golpe de estado numa transição de Portugal para a democracia. Embora a minha experiência militar formulou as minhas preocupações de um governo para as pessoas e pelas pessoas e um em que eu acredite, este existe neste grande país que adotou tantos, como a mim próprio, estes United States of America. God Bless America! Viva Portugal!”, disse José Francisco Costa.

Entre os convidados destacava-se Márcia Sousa, conselheira das Comunidades Portuguesas. Esposa do antigo senador Daniel da Ponte, que foi alvo de atenções constantes por parte de velhos camaradas da vida política na State House em Providence. 
Foi vendo o desenrolar de todo o cerimonial e disse ao PT:
“Tudo isto não foi mais do que o poder e reconhecimento da nossa integração. O nosso associativismo é excelente para manter a nossa presença visível nos EUA. Mas a entrada na State House e ouvir o nome de Portugal numa conquista da Liberdade e Democracia nos 50 anos de uma revolução pacífica veio consolidar a nossa conquista da State House através da continuição da existência dos nossos lusoeleitos, na Câmara dos Representantes e no Senado”, concluiu Márcia Sousa da Ponte.