Entorse do tornozelo

 

1 – Entorse do tornozelo (“ankle sprain”). “Torci o pé”.  É uma situação clínica muito frequente. Por exemplo nos EUA existem 23 a 25.000 casos por dia…!!! Nos Açores a estimativa é de que haja uma média de 25 casos por dia (cerca de 9.000 / ano). É obra…!!!
2 – Fatores de risco: a) ligamentos laxos; b) tipo de desporto (o basquetebol é o “pior”); c) deficiente treino; d) sexo feminino (25% mais em virtude da laxidão ligamentar e do uso de saltos altos; e) excesso de peso e obesidade; f) lesões anteriores (recidiva);
3 – Sintomas: dor, edema e dificuldades na marcha;
4 – Uma entorse do tornozelo é uma rotura dos ligamentos colaterais lateral ou do medial. A entorse do tornozelo mais frequente é a lateral (antes chamava-se externa) e acontece sempre por um mecanismo de inversão do pé. A entorse medial (“interna”) é rara (só cerca de 10% dos casos) e verifica-se quando existe um forte mecanismo traumático de eversão e o tornozelo “inclina” para dentro, rompendo o ligamento colateral medial (deltoideu). Este ligamento é muito forte, pelo que sempre que se lesiona devemos pensar que poderá haver uma fratura maleolar associada. Neste caso é mandatório efetuar uma radiografia para confirmar, ou excluir, a presença de fratura, que por vezes é uma fratura / arrancamento do ligamento. Um diagnóstico correto é muito importante, pois isso vai interferir no tipo de tratamento e no tempo de recuperação.
5 – Classifica-se de grau 1, se é ligeira; grau 2, se é média (rotura parcial) e de grau 3 se é grave com rotura completa dos ligamentos…!!! O teste clínico com a verificação do grau de instabilidade é o mais importante e é de fácil execução. Os exames complementares só servem para esclarecer as dúvidas das lesões associadas. Nas entorses graves podem ocorrer lesões da cartilagem articular que só poderão ser esclarecidas através de uma ressonância magnética nuclear (“MRI”).
6 – Como se trata? Em primeiro lugar o diagnóstico correto é fundamental. pois só com uma classificação exata é possível fazer o tratamento adequado. Na fase aguda e no grau 1 (com rotura parcial, mas sem instabilidade) o repouso, gelo, compressão e elevação (RICE – Rest, Ice, Compression, Elevation) é o mais indicado.  No grau 2 (rotura parcial com instabilidade ligamentar média) está também indicada a imobilização com ligadura funcional, ortótese / bota walker ou gesso.  No grau 3 (rotura completa dos ligamentos, com instabilidade grave) a aplicação de imobilização gessada é o tratamento mais indicado.  Se for atleta, se a entorse é de repetição e se existem lesões associadas a cirurgia ortopédica pode estar indicada. Em todos os graus de entorse após a fase aguda os tratamentos de fisioterapia são fundamentais;
7 – Lesões associadas frequentes: fratura dos maléolos e lesões da cartilagem articular;
8 – O diagnóstico é clínico (exame físico). O RX só serve para despistar se há ou não fratura dos maléolos;

Nota: Não se esqueça que a entorse do tornozelo é uma rotura de ligamentos (em mais de 90% dos casos é o ligamento lateral (externo) que rompe). Se não for corretamente tratada pode ficar com uma lesão crónica provocada pela instabilidade ou por dor persistente.  Depois de instalada essa instabilidade não há tratamentos conservadores, nem milagrosos que nos valham, só mesmo o recurso à cirurgia ortopédica. 
Haja saúde, haja saúde, haja saúde.