Guterres continua a ser o Kilas dos desesperados

 


 Acabei de visionar, há minutos, mais um episódio sobre o papel dos jornalistas no conhecimento trazido ao Mundo de quanto se passa nos teatros de guerra presentes por todo o lado. Um papel deveras proeminente durante a Guerra do Vietname, como tão bem nos mostra este mais recente episódio.
Como neste se refere, a Guerra do Vietname foi o primeiro e o último conflito coberto pela comunicação social de um modo livre e aberto, sem censuras político-militares, ao contrário do que hoje se vai podendo ver no que se noticia sobre o que vai pelo Mundo e não se pode ver. Fala-se em democracia, em verdade e em transparência, mas o que se faz é exatamente o contrário: uma fortíssima e omnipresente censura, suportada por supostos analistas que se constituem em autênticas vozes do dono (americano).
Estes episódios ao redor do papel dos jornalistas na cobertura das guerras permitem conjeturar sobre as mil e uma mentiras, ou deformações da verdade, que hoje nos são transmitidas sobre o conflito na Ucrânia e os determinados por Israel. Nada explicam sobre as causas da intervenção militar russa na Ucrânia, e muito menos sobre os fantásticos e infindos crimes praticados por Israel sobre o povo da Palestina. E ainda menos sobre a responsabilidade dos Estados Unidos em tudo isto.
Assistiu-se ao estrondoso coro contra as eleições na Venezuela, surgindo mesmo prémios concedidos aos derrotados, mas quase nada se diz sobre quanto vem tendo lugar em Moçambique. E assim se procede com o que se diz ter tido lugar nas recentes eleições na Geórgia, bastando que alguém diga que foi tudo mais uma burla de Vladimir Putin para que logo os jornalistas papagueiem isso mesmo, e com foros de verdade.
Já sem espanto, assiste-se ao genocídio dos palestinos, por via da solução final imposta por Israel, sem que quase ninguém, na política e no jornalismo, se determine a expor a realidade. Noticia-se, de passagem, a decisão do Tribunal Internacional de Justiça sobre o imperativo de Israel abandonar os territórios da Cisjordânia e de Gaza até ao final do presente ano, mas de pronto se esquece a decisão.
Do mesmo modo critica-se Maduro, e outros, por razões as mais diversas, válidas ou não, e aponta-se José Sócrates como alguém que não poderá voltar a um qualquer cargo público, ainda que sem, sequer, ter sido julgado, mas rarissimamente se fala sobre os três processos-crime por suspeitas de corrupção que impendem sobre Netanyahu. Enfim, temos uma comunicação social que se move ao sabor de vertentes dominantes, completamente à revelia de valores éticos mínimos.
É no meio deste caldeirão de vale-tudo que se vão tecendo comentários sobre o comportamento de António Guterres, hoje à frente das Nações Unidas, só com extrema dificuldade se dizendo bem daquele nosso concidadão, muito à luz de um tique invejoso de criticar o que de melhor temos em Portugal e se reconhece no Mundo, muito em geral.
Indubitavelmente, vai muitíssimo mal a nossa dita democracia, embora nos assista o consolo de ver que se trata de uma realidade muitíssimo geral no Mundo. Critica-se o Chega, mas logo se pede que nada se faça, se algo de grave tiver sido praticado. Cresce, sem parar, a violência geral no seio da sociedade portuguesa, mas de pronto se garante que a calma é deveras singular e reinante em todo o território nacional: o povo é sereno... Critica-se a apregoada interferência da Federação Russa em eleições norte-americanas, mas noticia-se como fantástica a de políticos do Reino Unidos naquele país, mas agora contra Trump. E gastam-se horas de tempo de antena televisivo com o denegrir de Trump, glosando a propagandeada maravilha de Harris. Enfim, temos a democracia...
Pois, foi com espanto que hoje vim a tomar conhecimento de que novos atos de vandalismo tiveram lugar em Benfica, e tudo sem que quase nada seja descoberto pelas autoridades competentes! Já lá vai bem mais do que uma semana. Uma realidade que me suscitou esta dúvida: que é feito do SIS?! Mas pronto: temos a democracia...