Foi durante a sua presença de 16 anos na Rússia, onde foi médico em Moscovo e depois na corte de São Petersburgo, que Ribeiro Sanches mais reconhecimento terá recebido e mais protagonismo social tido, chegando a tratar membros da família Romanov, incluindo a czarina Ana.
Mas as qualidades intelectuais deste cristão-novo nascido em Penamacor em 1699 (e que em adulto praticaria o judaísmo dos antepassados) foram evidentes desde cedo, e não causou surpresa que fosse estudar Direito em Coimbra. Não gostou do curso e seguiu para Espanha, para a Universidade de Salamanca, onde se formou em Medicina. A sua especialidade serão as doenças venéreas.
Regressa a Portugal como médico mas é denunciado à Inquisição pela prática do judaísmo. Consegue fugir e a partir de 1726 a sua vida é um périplo pela Europa, com períodos na Inglaterra, na Holanda e na França. Na Rússia, viveu entre 1731 e 1747, tendo chegado a ser membro da Academia das Ciências.
Fixa-se depois em Paris, onde estuda, escreve, e também trata. Publica tanto obras sobre Saúde Pública como filosóficas e é também ali eleito membro da Academia das Ciências. Mantém contacto com intelectuais portugueses em França e interessa-se pela evolução do país, mas permanece exilado. D’Alembert e Diderot convidam-no a escrever o artigo sobre a sífilis para a célebre ‘Encyclopédie’, símbolo do Iluminismo. Morreu em Paris, em 1784.
* Jornalista do DN. É doutorado em História e autor do livro ‘Encontros e Encontrões de Portugal no mundo’.