Torcicolo congénito (“Congenital Torticollis”, em inglês). O principal sinal clínico é a postura assimétrica do pescoço e da cabeça. Habitualmente a cabeça inclina para o lado da lesão e roda para o lado contrário. Pode acontecer também assimetria da face e da cabeça em virtude do efeito da gravidade (Plagiocefalia). Muitos têm também limitações da mobilidade cervical. É a terceira alteração músculo esquelética mais frequente a seguir à Displasia das ancas e ao Pé boto. 
Caracteriza-se pelas alterações da estrutura do músculo esternocleidomastóideo (ECM), outro nome bem complicado, mas aqui “todo o mundo” sabe o seu nome graças ao filme de 1933 “A Canção de Lisboa”, com Beatriz Costa, António Silva, Manoel de Oliveira e claro o Vasco Santana que ficou famoso por acertar no nome do esternocleidomastóideo quando foi perguntado no exame final de medicina…!!! 
Na maioria das vezes é uma situação benigna, com resolução sem sequelas em mais de 80% dos casos, se corretamente orientado, em especial logo nos primeiros três meses de vida. 
O diagnóstico habitualmente é clínico. Pode ser pedida uma ecografia cervical para analisar o ECM e saber se tem nódulo muscular ou não.  Em caso de má evolução um RX será importante para despistar malformações ósseas cervicais. O médico que observar deverá ter o cuidado de analisar as ancas visto que existe uma forte associação de Torcicolo congénito com Displasia das ancas.
Como se trata? O tratamento principal é a fisioterapia e os cuidados de posicionamento e mobilizações efetuadas pelos pais no domicílio. Nos casos raros, em que a postura inclinada se mantém, pode ser necessário o recurso a cirurgia ortopédica. Se o tratamento não for feito muitos melhoram espontaneamente, mas os outros poderiam ficar com uma assimetria persistente, elevação do ombro e escoliose.

Notas:  
O que é frequente é frequente. Um médico experimentado (médico de família, ortopedista, pediatra ou fisiatra) podem facilmente orientar a criança, no entanto como se recomenda vivamente a realização de fisioterapia todos os casos deverão ser também orientados pelo médico fisiatra;
Os ossos dos bebés, e ainda mais dos fetos (antes do nascimento) são muito flexíveis e podem “deformar-se” sob o efeito da gravidade. Se a criança, ou o feto, ficarem sempre na mesma posição, por exemplo na sequência de um torcicolo congénito, a cabeça fica “amassada” de um lado pela pressão da gravidade;
Muitas pessoas não sabem a razão porque as galinhas quando estão a “chocar”, reviram os ovos várias vezes por dia. É que o embrião desenvolve-se no meio de um líquido gelatinoso e os membros (pernas e asas) ao crescer sofrem o efeito da gravidade e podem deformar-se de uma forma permanente, fazendo com que os pintainhos nasçam com deficiências nos membros. As galinhas têm juízo de galinha, mas sabem disto e fazem sempre o seu trabalho. As “chocadeiras” elétricas têm um sistema automático de mudança de posição dos ovos, exatamente para prevenir estas deficiências.