Jimmy Carter, um humanista na Casa Branca

 

Com bandeiras a meia haste, os Estados Unidos despediram-se de James Earl Carter Jr., mais conhecido como Jimmy Carter e que faleceu dia 29 de dezembro de 2024, aos 100 anos de idade, na sua casa em Plains, estado da Georgia.
Nascido a 1 de outubro de 1924 num estado onde o racismo continua a ser condição essencial para fazer carreira política, e filho de um segregacionista, James Earl Carter Jr. surgiu numa capa da revista Time, em maio de 1971, como exemplo de uma nova geração de governadores moderados no Sul dos EUA.
Eleito para a Casa Branca em 1976, venceu o então presidente Gerald Ford por uma margem de votos tangencial e numa América ainda marcada pelo escândalo Watergate que forçou o presidente Richard Nixon a demitir-se, Carter assumiu o cargo de 39º presidente apenas durante quatro anos (1977-1981).
No turbulento rescaldo do caso Watergate, o ex-fazendeiro de amendoim apresenta-se aos eleitores como um candidato sem grande vontade de lutar contra o racismo no seu estado. Porém, assim que foi eleito, e logo no discurso de tomada de posse, operou uma reviravolta completa e decretou: “A época da discriminação racial chegou ao fim (...) Nenhuma pessoa pobre, rural, fraca ou negra deve ser obrigada a suportar o fardo de ser privada do acesso à educação, a uma profissão ou à justiça”, disse Carter perante a estupefação de muitos dos seus apoiantes segregacionistas, que viram nisso uma traição.
Carter foi um humanista na Casa Branca, um dos presidentes mais progressistas que os EUA tiveram até hoje e por isso foi extremamente impopular e desalojado em 1980 pelo popularuncho e medíocre republicano Ronald Reagan.
Mas o melhor estava para vir. Em 1982, o ex-presidente e a esposa fundaram o Centro Carter, organização sem fins lucrativos para promover o desenvolvimento, a saúde e a resolução de conflitos no mundo.
O centro está localizado em Atlanta e compartilha o campus com a Biblioteca Presidencial Jimmy Carter. Trabalha associado à Universidade de Emory, e os estudantes dessa e outras universidades são os seus voluntários nas ações que leva a cabo para atacar problemas complexos como os direitos humanos, prevenir e resolver conflitos, aumentar a liberdade e a democracia e melhorar a saúde.
Entre outras atividades, o Centro Carter atua como observador em processos eleitorais, faz o papel de mediador de crises internacionais e reforça os sistemas nacionais, regionais e internacionais dedicados à democracia e os direitos humanos. Ao mesmo tempo, encabeça programas para erradicar enfermidades presentes na América Latina ou África.
O Centro Carter liderou uma coligação que reduziu a incidência da doença do verme da Guiné em 99,99%, tornando-a provavelmente a primeira doença humana a ser erradicada desde a varíola.
Ajudou a estabelecer um sistema de prestação de cuidados de saúde baseado em milhares de aldeias africanas e sul-americanas que passaram a ter profissionais de saúde com formação para distribuir medicamentos e ajudar a prevenir doenças negligenciadas devastadoras.
Acompanhou 125 eleições em 40 países para ajudar a estabelecer democracias e promover caminhos para a paz na Etiópia, Eritreia, Libéria, Sudão, Sudão do Sul, Uganda, Península Coreana, Timor-Leste, Haiti, Bósnia e Herzegovina e Médio Oriente.
Jimmy Carter tornou-se um “viajante incansável” que podia ser encontrado em todo o lado: do México ao Peru, passando pela Nicarágua e até Timor-Leste.
Em 2002 recebeu o Prémio Nobel da Paz, designadamente “pelas décadas de esforços infatigáveis com o objetivo de encontrar soluções pacíficas para os conflitos internacionais”.
Durante a cerimónia solene da entrega do prémio, em dezembro de 2002, Gunnar Gerege, presidente do Comité Nobel, afirmou:
“Jimmy Carter não ficará provavelmente na história americana como o presidente mais eficaz, mas é certamente o melhor ex-presidente que o país jamais teve”.

O primeiro mergulho do ano

Em muitos países, é tradição receber o Ano Novo com um mergulho no mar e no Brasil e em Angola é mesmo uma velha tradição. No Rio de Janeiro, três milhões de brasileiros receberam 2025 na praia de Copacabana assistindo ao rebentamento de 15 toneladas de fogos de artifício disparados sobre o céu aberto.
Em Angola, o mergulho de Ano Novo era tradição em Benguela e na ilha de Luanda, e espero que continue sendo. Mas mergulhos nas quentes águas atlânticas de África ou da América do Sul não é problema, difícil é manter a tradição em países de inverno rigoroso.
Ainda assim, na Holanda, cerca de 10.000 pessoas, a maioria apenas de calções e biquíni, invadiram a praia de Scheveningen, em Haia, para o primeiro banho de 2025.
Em Itália, mais concretamente em Roma, as celebrações de Ano Novo também envolvem mergulhos. No entanto, os corajosos têm de saltar de uma ponte de 17 metros de altura para o rio Tibre, para cumprirem a tradição que remonta a 1946.
Em Portugal, desde 1943 que banhistas se reúnem na praia de Carcavelos, arredores de Lisboa, para tomarem o primeiro banho de mar do ano e “limpar” as “coisas más” que sucederam no ano anterior. A tradição é também seguida em Vila do Conde e Gafanha da Nazaré, e em Porto Santo, na Madeira.
Nos EUA, estes mergulhos são populares na véspera de Ano Novo ou no feriado de Ação de Graças e geralmente têm um objetivo de caridade. Chamam-lhe mergulho do urso polar, em homenagem a um dos animais mais resistentes ao frio intenso.
Em Boston, o mergulho do urso polar é uma tradição do dia 1 de janeiro que remonta a 1904.
Em várias praias da Nova Inglaterra, milhares de nadadores enfrentaram o frio congelante das águas atlânticas no dia 1 de janeiro de 2025 celebrando o novo ano e como sempre muitos banhistas vestiram-se de Pai Natal.
Em Narragansett, na Scarborough State Beach, as Olimpíadas Especiais de Rhode Island realizaram o seu 49º Penguin Plunge anual.
Mais de mil participantes saltaram para o mar num mergulho de 15 minutos que teve patrocinadores que contribuiram com mais de $160.000 para os atletas das Olimpíadas Especiais.
“Este evento tornou-se uma tradição adorada que une famílias, amigos e colegas em apoio das Olímpiadas Especiais”, disse Edwin R. Pacheco, presidente e CEO das Olimpíadas Especiais de Rhode Island. “É emocionante ver tantos a fazerem disto parte do seu legado, e as suas contribuições criam oportunidades duradouras para os nossos atletas brilharem”.
Os mergulhos vão continuar e Pacheco prevê atingir a meta de angariação de fundos de $180.000 até final de janeiro e as receitas do Penguin Plunge revertem para os programas de treino e competição para crianças e adultos que competem nas Olímpiadas Especiais de Rhode Island.

Boas festas eletrónicas

Os postais de boas festas estão a desaparecer, tal como passaram os discos de 33rpm e muitas outras coisas que há meia dúzia de anos eram consideradas imprescindíveis e, entretanto, deixaram de fazer parte dos nossos hábitos.
Agora, as boas festas desejam-se pela Internet e o negócio da Hallmark Cards está ameaçado. Os postais de boas festas tradicionais podem ter a sua graça mas os postais virtuais são tão eficazes que se torna dfícil não aderir à inovação.
É só entrar no Google, digitar “cartões de Natal” e temos à disposição umas 50 páginas de cartões virtuais com variadíssimas sugestões, com música e ainda a vantagem de serem grátis.
Não é preciso ir ao correio e gastar dinheiro em selos, basta escrever “Feliz Natal e Próspero Ano Novo” debaixo da cena escolhida e mandar para o e-mail dos nossos amigos ou dos nossos inimigos.

John Philip Sousa fez 170 anos

John Philip Sousa nasceu a 6 de novembro de 1854 e o seu 170º aniversário natalício está a ser assinalado em vários pontos dos EUA. Nasceu em Washington DC, filho de uma alemã (Elizabeth Trinkhous), que lhe deu formação germanófila, e de João António Sousa, nascido em 1824 em Sevilha, Espanha, mas filho de portugueses. António Sousa, que era músico da Banda da Marinha (tocava trombone), encarregou-se da formação musical do filho e alistou-o quando ele contava 13 anos.
John Philip Sousa foi no seu tempo um ídolo das multidões, como Frank Sinatra e Elvis Presley seriam mais tarde. Faleceu em 1932, horas depois de ter dado o seu último concerto, mas continuam a existir várias bandas John Philip Sousa, que executam as 137 marchas que ele compôs e vestem os casacões de corte militar que o seu regente usava. Há também a John Philip Sousa Foundation, promovendo o “entendimento internacional através das bandas”. Era um trabalhador infatigável, escreveu sete livros e foi também inventor do Sousaphone, uma tuba especial que o executante apoiava no ombro.
O passatempo do “rei das marchas” era o tiro aos pratos e foi um dos melhores atiradores do seu tempo. Confirmando que nem sempre filho de peixe sabe nadar, nenhum descendente de John Philip Sousa se dedicou à música.