A importância do sargaço na emigração corvina

 

Um dos principais factores da evolução demográfica do Corvo, bem como, das restantes ilhas dos Açores, foi durante décadas a emigração, principalmente para os Estados Unidos da América,para o Canadá e para o Brasil.
A emigração açoriana remonta praticamente ao século XVI, quando ainda mal tinha acabado a ocupação humana definitiva do grupo ocidental. Nesta altura, , partiram grupos de emigrantes açorianos para o Brasil, que continuou a ser nos séculos XVII e XVIII o destino mais procurado pelos açorianos que procuravam uma melhor qualidade de vida. 
No Século XIX, a emigração açoriana passou a ser principalmente para os Estados Unidos da América, tendo o Corvo, atendendo à sua população contribuído com um número de emigrantes bastante elevado.
A emigração corvina fazia-se nesta altura, como se dizia na ilha “por alto”, ou seja, através de navios baleeiros. Era frequente esses navios, «tocarem» no Corvo e nas Flores, para se abastecerem. Quando isto acontecia muitos corvinos e florentinos, pela calada da noite, em pequenos botes, numa parte da costa que oferecia maior segurança embarcavam clandestinamente e rumavam aos Estados Unidos da América.
Sabe-se, por exemplo que em 1956 partiram dezasseis corvinos para os Estados Unidos da América e que em 1959 emigraram catorze  para os Estados Unidos da América e nove para o Canadá .
A partir da década de noventa do século XX, a emigração corvina praticamente deixou de existir.
Foi graças à apanha e posterior venda do sargaço que muitos corvinos conseguiram dinheiro para emigrar, podendo mesmo afimar-se que o sargaço foi durante vários anos uma importante fonte de rendimento económica para a quase totalidade das famílias corvinas.
Esta actividade iniciou-se com a fundação, na ilha de S. Miguel, de uma fábrica de ágar-ágar em 1961.
No Corvo, durante o Verão, famílias inteiras dedicavam-se à apanha desta alga. Os homens mais novos e saudáveis apanhavam a que se encontrava nos locais mais profundos através de mergulho com escafandro. As algas eram colocadas em redes feitas de cordas, posteriormente içadas através de uma pequena grua para uma embarcação de apoio. Outra maneira da apanha através de mergulho era os mergulhadores arrancarem à mão o sargaço e guardarem-no em cestos, equilibrados numa bóia. Quando estavam cheios, vinham despejá-los a terra e voltavam novamente ao mergulho para prosseguirem a apanha. Outro processo de recolha das algas era feito com um saco de serapilheira atado à cintura. Este método era usado principalmente por mulheres e crianças, mais próximo da costa.
Depois da apanha, o sargaço era espalhado nas ruas mais próximas dos portos e nas eiras para secar. Posteriormente era feita uma selecção das algas, sendo as de melhor qualidade  pagas a um preço mais elevado.
 Após este processo, eram vendidas a comerciantes locais, que por sua vez as exportavam para a ilha de S. Miguel.
O Corvo começou a exportar este tipo de algas em 1960 e pelos números apresentados seguidamente é visível, como aliás já atrás foi referido, a importância económica desta actividade para a economia local, tendo nesse ano a exportação atingindo as as 6,8 toneladas.
Curiosamente registe-se o facto de na década de sessenta as algas serem por vezes trocadas por géneros alimentícios e, que, por exemplo, em 1964 o quilo ser pago a três escudos e cinquenta centavos.